Por que a polinização está em risco e o que isso significa para a nossa comida?
Ameaça silenciosa: Especialistas alertam que o declínio de polinizadores, como abelhas e borboletas, pode impactar a produção de alimentos globalmente e comprometer a segurança alimentar.
A polinização é um processo natural e vital para a reprodução de mais de 75% das culturas agrícolas do mundo. É o elo essencial que conecta o meio ambiente à nossa mesa. No entanto, cientistas e organizações ambientais em todo o mundo estão alertando para uma crise crescente: o número de polinizadores está diminuindo em um ritmo alarmante.
O problema, que antes era uma preocupação de nicho, tornou-se um tema central em eventos como a COP 30, com discussões sobre o impacto direto na economia e no futuro da agricultura.
O que causa o declínio?
O risco para os polinizadores não se deve a uma única causa, mas sim a uma combinação de fatores ambientais e humanos que afetam diretamente o seu habitat. Entre as principais razões estão:
- Uso de pesticidas: Produtos químicos usados na agricultura, principalmente os neonicotinoides, são tóxicos para abelhas e outros insetos. Mesmo em doses baixas, eles podem comprometer o sistema neurológico e a capacidade de navegação dos polinizadores.
- Mudanças climáticas: O aumento da temperatura e as alterações nos padrões de chuva impactam a floração de plantas, criando uma dessincronia entre a época de florescimento e a atividade dos insetos.
- Perda de habitat: A expansão de áreas urbanas e a agricultura intensiva resultam na perda de habitats naturais e na redução da diversidade de plantas, privando os polinizadores de fontes de alimento e abrigo.
O impacto na nossa alimentação
A ligação entre a polinização e a nossa comida é direta. Sem o trabalho de polinizadores como abelhas, borboletas, morcegos e pássaros, a produção de muitas frutas e vegetais seria drasticamente reduzida.
- Frutas: Mais de 90% das frutas cultivadas globalmente, incluindo maçãs, laranjas e morangos, dependem da polinização.
- Vegetais: Diversas hortaliças, como abóbora, brócolis e pimentão, necessitam da ajuda de polinizadores para crescer.
- Outros alimentos: A produção de café, cacau (o ingrediente do chocolate) e até de óleos vegetais como o de girassol estaria em risco.
Estima-se que a polinização contribua com mais de 200 bilhões de dólares anualmente para a economia agrícola global. A crise, portanto, não é apenas ambiental, mas também um sério problema econômico.
Como podemos ajudar?
A solução para a crise da polinização envolve ações em todos os níveis. No campo, a agricultura pode adotar práticas mais sustentáveis. Nas cidades, é possível criar “jardins para polinizadores” com plantas nativas e evitar o uso de pesticidas. A conscientização e o apoio a agricultores que cultivam de forma orgânica e sustentável também são cruciais para a proteção dessas espécies.